No dia 17 de maio, cerca de 70 crianças da EMEF Professor Aroldo de Azevedo e leitores da unidade tiveram contato com a cultura indígena na biblioteca. Eles, inicialmente, visitaram a exposição “Índios da Metrópole” e ficaram encantados com a diversidade de fotos e textos sobre o Povo Guarani que vive na cidade de São Paulo.
Na sequência, participaram de um bate-papo, bem descontraído, com o escritor Olívio Jekupé, que é autor de 12 livros.
Olívio, utilizando-se de vários livros incluindo o publicado ”Ajuda do Saci”, explicou que a história do Saci (Kamba’i) é de origem indígena, ou seja, teve sua origem antes da chegada dos portugueses no Brasil, que se aproveitaram dos contos indígenas e criaram histórias como a do nosso “Saci Pererê”.
O autor comentou ainda que os índios só podem caçar e comer para sua própria subsistência e que essa prática envolve todo um ritual. Segundo ele, os “protetores dos índios” são entidades que mandam na Natureza. Por exemplo: nas matas, florestas e rios. “Para entrar na casa dos outros é preciso pedir licença, certo?”, perguntou Jekupé. “Para entrar na mata pedimos licença fumando um cachimbo porque sem esta autorização o índio pode ficar desprotegido e pegar uma doença”, contou o escritor, demonstrando respeito com o meio ambiente.
Para Olívio Jekupé, os moradores da sua aldeia também aprendem com a cultura do homem branco, porém de uma forma diferente, na medida em que estudam o Guarani, língua nativa de seu povo. “O português não é ensinado e os nativos podem aprender, naturalmente, se quiserem, mas é um português rústico o qual eles entendem, mas não falam direito”, contou o escritor que citou o seguinte exemplo: “Pergunta-se: Você sabe dançar? Resposta: Eu saibo”.
As crianças, que não conseguiam segurar o desejo
de perguntar, fizeram vários questionamentos:
de perguntar, fizeram vários questionamentos:
Quantas mulheres um índio pode ter? Olívio, que estava na presença de sua esposa Maria, já respondeu de pronto: “uma só, embora existam tribos que permitam ter, as vezes, duas ou três mulheres”.
Por que o nome do livro é 500 anos de angústia? “Estávamos no ano de 1999, chegando ao ano 2000 e se muito se falava em 500 anos do descobrimento; então pensei: 500 anos de angústia.”
O que vocês comem? “Tudo, como: Raiz (mandioca, batata-doca, milho)”.
Olívio afirmou que a comida brasileira é uma adaptação da culinária indígena abrasileirada. “Quando os portugueses chegaram aqui eles não trouxeram marmitex, desde então, tiveram que se adaptar a comida do índio introduzindo em suas refeições alimentos como: mandioca frita, pamonha, tapioca, etc. O índio já bebia guaraná, só que o guaraná natural, que depois foi industrializado e virou refrigerante”, revelou o escritor.
E os questionamentos continuaram. Muitos levantavam a mão e, em determinados momentos, todos queriam indagá-lo. De um se ouvia: “Lá tem animais selvagens?”. De outro: “Quantos filhos vocês podem ter”, seguindo-se de: “O que acontece quando o cacique morre?” e “Quantos anos os índios podem viver?”.
Foto: Tânia, Darci, Maria José, Marcos, Patrícia, Olívio e Maria
Infelizmente o tempo passou, rapidamente, e as professoras tiveram que conter seus alunos devido ao já avançado horário. No final da conversa os alunos brincaram com o artesanato indígena e Olívio ainda esclareceu algumas dúvidas sobre a exposição “Índios da Metrópole”, que acontece até o dia 31 de maio, na Biblioteca Menotti Del Picchia.
Foto: Darci, Olívio, Patrícia e Maria
E, se ainda tudo isso não bastasse?
E, se ainda tudo isso não bastasse?
Ainda fomos presenteados por Olívio com o livro Ajuda do Saci, que carinhosamente autografou para nossa biblioteca.
“A índia Maria me mostrou fotos de sua filha, da neta e também de uma tia, eu achei o máximo porque vivemos em uma cidade grande e esses detalhes são importantes”, revelou a educadora, que ficou surpresa ao conhecer o autor indígena e por saber que seus livros estão disponíveis no acervo da biblioteca. “Nossos alunos ficaram atentos durante a palestra e gostaram muito”
ResponderExcluir"Tema que desperta interesse aos alunos. Foi feito um preparo antes da palestra de incentivo aos alunos. Despertou interesse aos alunos, ainda mais por ter contato com um indígena carismático e que soube ministrar a palestra e prender o interesse dos alunos. Parabéns e que haja mais este intercâmbio escola/biblioteca, levando-se em conta a proximidade de ambas as instituições”.
ResponderExcluir"Este encontro propiciou o enriquecimento cultural de todos".
ResponderExcluirDizer obrigado é muito pouco para agradecer a oportunidade que tive ao conhecer o escritor Olívio Jekupé. Ele me recebeu, em sua aldeia, com muita hospitalidade e carinho.
ResponderExcluirDesejo a ele e a todo Povo Guarani toda sorte do mundo. Nós - homens brancos, é que precisamos aprender com eles o que é ser civilizado.
Parabéns a todos que participaram deste projeto.